Um dia, de passagem

Por uma bela paisagem

Corriqueira e casual

Houve me um fato unusual

Em uma ida ao metrô da cidade

Como sempre havia feito

Algo me pegou de jeito

Numa certa causalidade

Um bem vestido senhor

Caminhando até mim se aproximou

E logo se apresentou

Muito prazer, meu jovem doutor

E conduzindo me em suas palavras

Disse me para nos sentarmos

Em um banco ali, para enfim conversarmos

Sobre o que ele queria me dizer

E em um segundo de preocupação

Rapidamente lhe brandei além

Por favor deixe me ir senhor

Senão perderei o trem!

Rindo baixo e seu colete a ajeitar

Tal homem de seu bolso um relógio sacou

E com pouca pressa me alertou

Para eu não me preocupar

Olhou em meus olhos e me disse assim

Meu filho, nada chega mesmo ao fim

Senão aquilo que desistimos de fazer

Pois a oportunidade, uma segunda vez, nunca hemos de reaver

Acalme seu coração, meu jovem

Pois as vezes o tempo lhe parece uma nuvem

Negra de uma forte tempestade

Não vê nela, sua felicidade?

Não compreendendo as palavras do senhor

Pedi lhe que me fosse claro agora

E me explicasse sem demora

O que queria me dizer, por favor

Então ele retornou a falar

Que como um rio em movimento

Tudo acontece em um determinado momento

Sem sequer nós sermos aptos a mudar

Que todos que encontramos

Não vem à nossas vidas por acaso

Pois isso por si só é um termo raso

Perto daquilo que imaginamos

Olhando para um homem que ali passou

Vendendo flores para se sustentar

Logo tal senhor rapidamente lhe gritou

Me dê uma flor homem!, para que seu perfume eu possa apreciar

E tal homem lhe entregou uma grande rosa

O senhor agradeceu e lhe deu algumas moedas, e continuando

Olhando para a flor me explicou em uma nova prosa

Outra história gloriosa

Que como aquele botão que hora havia de florescer

Um dia eu me levantaria

E com orgulho meu destino galgaria

Em uma longa estrada a percorrer

Me mostrou que como a rosa, a vida é feita de ciclos e dobras

Sem sequer deixar sobras

Tudo se vai encaixando

Como deve ser

Meu amigo, no final da vida, muita gente

Diz não ter aproveitado

O mais caro presente

Que um dia foi lhes dado

A oportunidade de se viver

E assim feliz ser

Mas por ganância e corrupção

Se findam presos em ilusão

De que a vida é só ganhar dinheiro

E que o intuito verdadeiro

É acumular riquezas

Mas mal sabem eles que o que carregam em todo o caminho 

No final, ao olharem para trás

Aterrorizam se , pois o que alí com eles em seus fardos jás

São apenas tristezas

Pois as verdadeiras riquezas grandiosas

Não são bens materiais

São coisas sem preço e valiosas

Seu amigos eternos e leais

Seus pais que lhe amam e lhe dão carinho

Seus entes que lhe amparam a sua trilha seguir

Àqueles que de longe estarão sempre contigo em seu caminho

Te ajudando de mãos dadas a vos levantar quando cair

E no fim , o senhor deixou-me a seguinte mensagem

Ao levantar se e em direção do vagão caminhar

Parando na porta para embarcar

" Com licença filho, é dada minha hora

Foi um prazer lhe conhecer

Eu sou o Tempo, e como deve saber

Aproveite a sua vida, pois devo por bem partir agora

Afinal, estou por aqui só de passagem "